Fui demitido. Justa causa.
Como estagiário, aprendi milhões
de coisas e fui muito bem sucedido nas minhas funções. Juro que não entendo o
porquê de me demitirem…
Eu tinha várias funções que fazia
com excelência, entre elas:
1. Tirar xerox. 3.1 segundos por
página.
2. Passar café.
3. Comprar cigarro e pão. 1
minuto e 27 segundos. Ida e volta.
4. Fazer jogos na Mega-Sena,
Dupla-Sena, Lotofácil, Loteria Esportiva…
Eu era muito bom. Mesmo. Fazia
tudo certinho, até que peguei uma certa confiança com o pessoal e resolvi fazer
uma brincadeirinha inocente.
É impressionante o nível de
stress em um ambiente de trabalho. Quis dar uma amenizada na galera, deixar o
povo feliz e fui recompensado com uma bela de uma demissão por justa causa.
Puta sacanagem!
Vou contar toda minha rotina
desse dia catastrófico.
Era quinta-feira, 27 de março,
quando cheguei ao trabalho. Nesse dia, passei na padaria no meio do caminho.
Demonstrando muita proatividade, comprei pão e 3 Marlboro. Já queria ter na mão
sem nem mesmo me pedirem. Quando abri a agência (sim, me deixam com a chave
porque o pessoal só começa a chegar lá pelas 11h), já vi uma montanha de folhas
para eu xerocar na minha mesa. Xeroquei tudo, fiz café e deixei tudo nos
trinques (minha mãe que usa essa gíria).
Como tinha saído um pouco mais
cedo no outro dia, deixaram um recado na minha mesa: “pegar o resultado da
mega-sena na lotérica”.
Como tinha adiantado tudo, fui
buscar o resultado. No meio do caminho, tive a ideia mais genial da minha vida
e, consequentemente, a mais estúpida.
Peguei o resultado do jogo:
01/12/14/16/37/45. E o que fiz? Malandro que sou, peguei uns trocados e fiz uma
aposta igual a essa. Joguei nos mesmos números, porque, na minha cabeça claro,
minha brilhante ideia renderia boas risadas. Levei os 2 papeizinhos (o
resultado do sorteio e minha aposta) para a agência novamente.
Ainda ninguém tinha dado as
caras. Como sabia onde o pessoal guardava os papeis das apostas, coloquei o
jogo que fiz no meio do bolinho e deixei o papel do resultado à parte.
O pessoal foi chegando e quase
ninguém deu bola pros jogos. Da minha mesa, eu ficava observando tudo, até que
um cara, o Daniel, começou a conferir.
Como eu realmente queria deixar o
cara feliz, coloquei a aposta que fiz naquele dia por último do bolinho, que
deveria ter umas 40 apostas.
Coitado, a cada volante que ele
passava, eu notava a cara de desolação dele. Foi quando ele chegou ao último
papel.
Já quase dormindo em cima do
papel,vi ele riscando 1, 2, 3, 4, 5, 6 números. Ele deu um pulo e conferiu de
novo.
Esfregou os olhos e conferiu de
novo, hahahaha. Tava ridículo, mas eu tava me divertindo.
Deu um toque no cara do lado, o
Rogério, pra conferir também.
Ele olhou, conferiu e gritou:
-”PUTA QUE PARRRRRRRRIUUUUUUUUUU,
TAMO RICO, PORRA”. Subiu na mesa, abaixou as calças e começou a fazer
girocóptero com o pau.
Óbvio que isso gerou um
burburinho em toda a agência e todo mundo veio ver o que estava acontecendo.
Uns 20 caras faziam esse esquema
de apostar conjuntamente. 8 deles, logo que souberam, não hesitaram: correram
para o chefe e mandaram ele tomar bem no olho do *u e enfiar todas as planilhas
do Excel na ***eta da ****mbada da mulher dele.
No meu canto, eu ria que nem um
filho da puta. Todos parabenizando os ganhadores (leia-se: falsidade reinando,
quero um pouco do seu dinheiro), com uns correndo pelados pela agência e outros
sendo levados pela ambulância para o hospital devido às fortes dores no coração
que sentiram com a notícia.
Como eu não conseguia parar de
rir, uma vaquinha veio perguntar do que eu ria tanto.
Eu disse:
-”puta merda, esse jogo que ele
conferiu eu fiz hoje de manhã.
A vaca me fuzilou com os olhos e
gritou que nem uma putalouca:
-”PAREEEEEEEEEEM TUDO, ESSE JOGO
FOI UMA MENTIRA.UMA BRINCADEIRA DE MAU GOSTO DO ESTAGIÁÁÁÁÁÁÁRIO”
Todos realmente pararam olhando
pra ela. Alguns com cara de “quê?” e outros com cara de “ela tá brincando”.
O cara que tava no bilhete na
mão, cujo nome desconheço, olhou o papel e viu que a data do jogo era de 27/03.
O silêncio tava absurdo e só eu
continuava rindo. Ele só disse bem baixo:
- É…é de hoje.
Nesse momento, parei de rir,
porque as expressões de felicidade mudaram para expressões de ‘vou te matar’.
Corri… corri tanto que nem quando
eu estive com a maior caganeira do mundo eu consegui chegar tão rápido ao
banheiro.
Me tranquei por lá ao som de
“estagiário filho da puta”, “vou te matar” e “vou comer teu *u aqui mesmo”.
Essa última foi do peladão !
Eu realmente tinha conseguido o
feito de deixar aquelas pessoas com corações vazios, cheios de nada, se
sentirem feliz uma vez na vida.
Deveriam me dar uma medalha por
eu conseguir aquele feito inédito.
Mas não… só tentaram me linchar e
colocaram um carimbo gigante na minha carteira de trabalho de demissão por
justa causa. Belos companheiros!
Pelo menos levei mais 8 neguinho
comigo ! Quem manda serem mal educados com o chefe. Eu não tive culpa alguma na
demissão deles.
Pena que agora eles me juraram de
morte…agora tô rindo de nervoso.
Falei aqui em casa que fui
demitido por corte de verba (consegui justificar dizendo que mandaram mais 8
embora) e que as ligações que tenho recebido são meus amigos da faculdade
passando trote.
É, amigos, descobri com isso que
não se pode brincar em serviço mesmo…
QUANDO TERMINAREI DE RIR, ADMITAM: O ESTAGIÁRIO MERECEU!!! rsrsrsrsrs...
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