Por Cecilia Zylberstajn - Psicóloga
Encontrar uma pessoa especial, amar e ser amado,
viver uma relação plena. Este é o sonho da maioria das pessoas. De fato,
encontrar um parceiro para a vida é um dos nossos maiores objetivos, e merece
mesmo muita atenção e investimento.
Mas será que isso é mais importante que a nossa
felicidade individual? O que significa, de fato, estar com alguém? Por que será
que existem pessoas que fazem de tudo, de tudo mesmo só para estar com alguém,
transformando- se em mendigos do amor, ecolhendo migalhas que o parceiro deixa
cair?
Algumas pessoas, quando estão sozinhas, ficam
obcecadas em encontrar alguém para chamar de seu. Criam uma ilusão de que, ao encontrar um namorado ou
uma namorada, instantaneamente seus problemas deixarão de existir.
A ciência de fato já provou que nossa química se
altera quando estamos apaixonados, e a sensação de bem estar é renovadora. Mas
ela só é efetiva em uma relação recíproca, quando amamos e somos amados de
volta.
Em outros casos, a química pode se alterar de modo
diferente.
É o que ocorre quando ficamos viciados em outra
pessoa e nos comportamos em relação a ela como um drogado se comporta com a cocaína.
Conforme a idade avança, os homens e principalmente
as mulheres ficam ansiosos com a idéia de ficarem sozinhos, de nunca
encontrarem alguém.
A pressão da família e dos amigos é grande, mas não é
pior que a pressão que vem delas mesmas.
Isso gera ansiedade, o que os deixa menos relaxados e
espontâneos.
Tanta energia empenhada em encontrar um companheiro,
mais atrapalha que ajuda. Não são raras as pessoas que pensam "as minhas
opções diminuem com o tempo, então tenho que ser menos exigente para conseguir
alguém."
E de menos exigente passam a aceitar ficar com
qualquer um, só para não estarem sozinhos.
E o que dizer de quem já está em uma relação, mas não
é feliz?
Muitas pessoas permanecem em relações com parceiros
que as fazem de gato e sapato. Os companheiros ligam quando querem, são grossos
e rudes, as brigas são constantes. Essas pessoas reclamam dos companheiros, mas
não tomam nenhuma atitude para manifestar a insatisfação ou terminar a relação.
Ficam à disposição do outro, e qualquer contato não importa a qualidade do
mesmo é melhor que nada.
Aceitam a relação que o companheiro impõe porque
percebem que esse é o único jeito de ficar com ele. É claro que queremos ter
certeza que tentamos de tudo para a relação funcionar, fizemos o possível e,
mesmo assim, não deu certo. Caso contrário, vamos ficar com a dúvida.
Mas, muitas pessoas continuam em relacionamentos
frustrantes porque não querem admitir para elas mesmas que o tempo, a energia e
os sentimentos investidos foram por água a baixo. Mas se é difícil admitir que
a relação fracassou adiar o término só faz com que ele seja mais doloroso.
Equivale a postergar do luto. É como adiar a perda para evitar enfrentar o
estar sozinho de novo.
Qualquer que seja a situação, estar com alguém
priorizando o fato de estar em uma relação, e não a qualidade da mesma faz com
que nos coloquemos em uma situação desfavorável, mendigando amor. Na posição de
quem não pode ter vontades, não deve satisfazer seus desejos, não se permite
ter aspirações.
Na posição de quem tem que aceitar qualquer migalha,
senão vai morrer de fome. Qualquer coisa que venha do outro serve, melhor que
nada. Melhor que estar sozinho. Quem está nesse tipo de relação se livrou do
problema da solteirice, mas arrumou um problema
real.
A preocupação excessiva em estar com outra pessoa
cria um problema que não deveria existir, e camufla outro, que é real.
Estar sozinho não é um problema. Quando achamos que é
um problema, na verdade procuramos a relação e o parceiro para servir de escudo
que nos protege de nós mesmos.
Para muitas pessoas, estar sozinho é o contrário de
estar em um relacionamento. Ledo engano. Esta crença nos protege da cruel
verdade: nós SOMOS sozinhos.
A jornada da vida é solitária; a cultura humana
inventou o casamento e a vida a dois para amenizar a solidão, para
compartilharmos nossas vidas com outra pessoa.
Um casal é composto de duas pessoas diferentes que se
encontram e que decidem, de maneira responsável, trilhar o mesmo caminho. Precisamos ser inteiros para estar em uma
relação. Só podemos ser bons para o outro quando somos bons para conosco.
Precisamos gostar de nós mesmos e da nossa companhia
para esperar que o outro goste também. Viver das migalhas de amor do outro,
além de nos deixar subnutridos, nos impede de nutrir a nós mesmos. Devemos
esperar ser amados. Caso contrário, só encontraremos alguém para estar conosco
por caridade.
Cecília Zylberstajn é psicóloga pela PUC-SP,
Psicodramatista e Psicoterapeuta de Adolescentes e Adultos.
Para mais informações, acesse: www.ceciliaz .com.br
Tel: (11) 3668-7476 E-mail: cecilia@ceciliaz. com.br
(Recebi por e-mail de uma amiga-irmã e adorei)
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